sábado, 4 de maio de 2013

Europa, aqui em fotografia tirada ao longe, é uma gigantesca escultura natural da filha do rei de Tiro cavalgando um Touro pelo mar fora.
Zeus, disfarçado de belo touro branco, não teve dificuldade em seduzir a princesa asiática que brincava na praia (a Fenícia era onde hoje é o Líbano) e nadou, com ela às costas, até Gortina, que fica na mesma ilha de Creta onde
Terracotta ateniense do século V antes de Cristo
o deus nascera, e onde a amou, tendo voltado à a sua forma humana (Uma só de homens, uma só raça de deuses: de uma só mãe respiramos ambos, versejava Píndaro)
Aruba, ou eurupa, em árabe, quer dizer "bela amante" e esta língua tem a mesma origem da dos fenícios.
Acho graça aos símbolos e parece-me bem que a Fenícia, onde terá aparecido o primeiro alfabeto, e Creta, que civilizou os gregos vindos do norte -- a origem da nossa Civilização de homens livres -- façam parte da história mítica de Europa.

Pode ser que Europa seja uma ideia, a de amar a liberdade de todos, "dos nossos e dos não-nossos".
E são inúmeras as formas que temos de a amar, de Norte a Sul e de Leste a Oeste.
Por cá, por exemplo, alimentamos uma multidão de privilegiados só para ter o prazer de os ridicularizar,  para ter, como poderosos, criaturas que se aproveitam do Estado com tanta inocência como nós gostaríamoss de saber fazer: ridicularizarmo-nos a nós mesmos é a nossa maneira de ser livres.
Hoje, por amizade, ao saberem que eu não iria pedir um subsídio a que as nossas fantasistas leis me dão direito, zangaram-se comigo a sério. Parecia-lhes tão deselegante como deixar comida no prato. O Estado é, na nossa fantástica cultura, uma fonte inesgotável mas de que só os mais espertos, os mais corajosos, os mais simpáticos, se sabem servir.
Lá para o Norte de Europa, por exemplo, encarregam alguns de gerir o património de todos mas vigiam-nos com cuidado, não se perde uma migalha -- e são mais ricos, claro! Sentem-se livres porque fazem contas e nada lhes falta. A história da cigarra e da formiga -- ambas amam a liberdade mas agem diverso.
Não julgo, porém. Uns e outros teremos que inventar um novo Estado de coisas, este acaba. Um em que seja respeitada, por todos, a liberdade "dos nossos e dos não-nossos".

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