As situações aflitivas podem ser criativas. As mudanças dos nossos hábitos de conforto podem-nos ajudar a questionar os nossos hábitos mentais, a realidade pode-se desenquadrar e vermos o que está fora do caixilho, aquilo para que não olhávamos, podemos entrar pela paisagem dentro, caixilho e parede eram um sonho, afinal, e além do que víamos, vemos tudo. Todos desenquadrados poderíamos encontrarmo-nos na Realidade comum, maior que a soma dos numerosos pontos de vista actuais e poderíamos sentir "em cada esquina um amigo", alguém a quem não precisamos de explicar nada porque vê como nós vemos.
Dizia o poeta Agostinho: "das dificuldades tirar vantagens" -- e grande vantagem seria!
O "outro" deixaria de ser um adversário ou coisa que o valha, deixaria de estar sujeito ao nosso julgamento tacanho, porque ambos o teríamos perdido, o nosso próprio enquadramento.
Trataríamos todos, naturalmente, das tarefas à mão: alimentar sete mil milhões de pessoas, usando imaginação, ciência e técnica; construir as fontes de energia que nos libertassem dos combustíveis; plantar as arvores que permitissem acabar com os desmatamentos das florestas virgens...
Livres das trabalhosas tarefas da guerra e da produção de objectos inúteis, livres da obsessão do lucro, estaríamos ricos, com tempo para o que é preciso fazer.
Livres do medo que criamos uns aos outros é natural que pudéssemos ver o encanto de tudo e de todos, que nos pudéssemos deslumbrar com o mistério da vida, do cosmos -- ou do caos organizado por leis a descobrir.
É bem possível que estes anos não sejam apenas o fim da Revolução Industrial, que durou 250 anos, mas sejam, também, o fim da Revolução Agrícola, que durou mais de 5000 anos. "Grande nau, grande tormenta" mas pode bem ser que aportemos a uma terra desconhecida -- que sempre lá esteve mas onde só esta viagem nos poderia trazer!
Quanto mais o chão que pisamos se mover mais apreciaremos chegar a terra firme, quanto mais sede melhor nos há de saber a água das fontes e o riso das ninfas.
"Milhor é exprimentá-lo que julgá-lo;
Mas julgue-o quem não pode exprimentá-lo."
Sete mil milhões com tendência a aumentar exponencialmente e de uma forma globalmente desequilibrada.
ResponderEliminarAté quando será viável deixar que este "bicho" se auto-regule, livremente, contando apenas com o desrespeito pelos direitos humanos como a forma de controlar do n.º de pessoas que povoam o planeta? Será isto mais justo do que promover políticas nacionais de controlo da natalidade de forma a garantir alguma sustentabilidade?
Se o governo me pagar uma taxa de juro de 5% eu empresto-lhe dinheiro, com todo o gosto! Até faço um depósito a prazo na Caixa Geral de Depósitos!
ResponderEliminarPorque será que o governo pede emprestado à troika e não aos portugueses?
PCP, Verdes e BE foram os primeiros a dizer que se lixe a troika. Em quem votaram estes "novos" indignados?
Indignem-se mas deixem de ser lorpas!
Porque será? Não será porque este sistema leva a que estejam no governo os representantes da oligarquia financeira internacional? Só não o vê quem o não quiser ver.
EliminarE porque há de alguém não querer ver o óbvio?
Não será porque teria que poôr em causa a "democracia"representativa