sábado, 24 de outubro de 2015

A perrice do presidente

Nem a decência nem o bom senso são exigíveis por lei. Pode-se viver no topo da pirâmide social sem ter noção do que sejam -- desde que se conheçam as leis!
Assim como se pode ser professor universitário sem ter “aquilo que fica depois de se ter esquecido tudo”, como se chamava à cultura -- desde que se saiba o que vem nos manuais do assunto que se professa.
E até se pode ser Presidente de uma República Democrática sem a ter desejado no tempo da tirania, sem que a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade lhe sejam caras -- desde que se conheça a Constituição!

As sociedades são compostas de pessoas e elas obedecem à sua consciência, que pode estar submersa por racionalizações… errar é humano! É comum fazer projecções, atribuir aos outros qualidades nossas. Quem nunca ouviu uma pessoa privilegiada acusar alguém de não ser democrata, quando os seus privilégios estão em risco?

Os confrontos são coisas que acontecem. Poderiam ser resolvidos com diálogo… mas como dialogar com preconceitos? Como argumentar com raciocínios em que eles fazem parte dos dados?

“Mais vale prevenir que remediar”. Os portugueses nunca deveriam ter votado em Aníbal Cavaco Silva, foi um desleixo dos democratas, “irrevogável”.
A única vantagem dos erros é aprender com eles: oxalá os meus concidadãos não elejam o simpático professor Marcelo!

Entretanto, deixo aqui um artigo da Constituição, está na hora de o Sr. Presidente da República o usar;  é legítimo, como tudo o que nos disse o é, e viria justificar a última frase do discurso,
“Como Presidente da República assumo as minhas responsabilidades constitucionais. Compete agora aos Deputados assumir as suas. Boa noite.”:

Artigo 131.º 
(Renúncia ao mandato)
1. O Presidente da República pode renunciar ao mandato em mensagem dirigida à Assembleia da República. 
2. A renúncia torna-se efectiva com o conhecimento da mensagem pela Assembleia da República, sem prejuízo da sua ulterior publicação no Diário da República.

Sugiro deixar uma justificação, na mensagem à Assembleia: “Receio estar a assustar os mercados”.

E poderia acrescentar: Cometi o erro grave de não ter demitido a tempo um governo de oportunistas.


4 comentários:

  1. http://economico.sapo.pt/noticias/chineses-ja-podem-ter-dois-filhos_233083.html

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  2. Não compreendo a relação do comentário com “a perrice do presidente”.
    É uma boa notícia, é horrível proibir as pessoas de ter os filhos que queiram. E é, talvez, sinal de que se vive melhor na China, porque nos países em que se vive bem a população não cresce, ninguém se lembra de fazer leis contra a natalidade no nosso continente.
    A tal sobre-população resolve-se com melhor distribuição dos rendimentos.

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  3. Se nada for feito, se outros paises não seguirem o exemplo da China, a humanidade estará para a Terra como um cancro para o seu doente, crescendo até ao fim.

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  4. O que tem que ser feito é a democracia. Neste momento os bancos e os bancos dos bancos são quem faz as leis, quem toma as decisões políticas: a oligarquia já é global. As regras que favorecem a agiotagem crescente são leis recentes, dos últimos 40 ou 50 anos, que podem ser mudadas se os cidadãos perceberem a importância disso e levarem os parlamentos a fazê-lo.
    Por enquanto a desigualdade de rendimentos continua a aumentar e, com ela, a pobreza no mundo. Os países ricos têm natalidade negativa -- o que tem que ser feito é a democracia!

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