Os deuses continuam vivos, eternos, símbolos que são, arquétipos como ora lhes chamamos.
Invocá-los ajuda-nos, pois, embora lhes sejamos indiferentes, a consciência que tivermos deles é consciência do nosso inconsciente, é caminho de sabedoria.
Invoco Hermes (o Mercúrio dos romanos), o deus dos blogs, para comunicar um conceito que me transcende, para partilhar um ponto de vista.
Afrodite (a Vénus dos romanos) é a deusa do amor e da beleza, da harmonia e do prazer.
Decerto não é a deusa do sacrifício, da dor; porém, muitos cristãos identificam amor com sacrifício. Paulo de Tarso (S. Paulo), pregador cristão, disse aos gregos que lhes vinha anunciar o “deus desconhecido”, para o qual já tinham um altar, receosos de deixar esquecido algum arquétipo, que, inconscientemente, lhes viesse desequilibrar a vida.
Cristo, o “deus desconhecido” dos gregos, dizia, essencialmente, que amássemos os outros como a nós mesmos. A “boa nova” consistia em sairmos do egocentrismo e percebermos os outros como fazendo parte de nós, tratava-se de tirar as baias, de alargar o horizonte; chegara o tempo de honrar, também, esse novo deus, dizia Paulo.
Mas que fizeram os cristãos, que Constantino levou ao poder do Império Romano? Foram, progressivamente, idolatrando o sacrifício, esqueceram a harmonia, o equilíbrio, o prazer, a beleza -- Afrodite! -- e trataram de amar o próximo mais que a si mesmos, pensando subornar Cristo, maltratando-se.
Ele falara em amar o próximo como a si mesmo, nem mais que a si, nem menos. Eles trataram de comprar uma entrada para o reino que não é deste mundo, martirizando-se, alheios à beleza da mensagem.
Hoje, os que procuram a boa vontade, a comunhão dos homens dispersos por diversas crenças, os ecumenistas, como o Dalai Lama, ou, quiçá, o papa Francisco, pregam a compaixão e incluem a compaixão por si mesmo, propõem que, mais que alargar os horizontes, se suba onde se possa ver a miséria humana, os fanatismos míopes, as guerras inúteis … e se sinta compaixão, por todos nós.
Amar, fazer algo por quem se ama, não é sacrifício, é prazer, isso nos sussurra Afrodite, do fundo do inconsciente. E somos todos um, irmãos, nos diz, sereno, o “deus desconhecido”.
Assim saibamos receber, fraternos, as gentes que as guerras, que semeámos, nos trazem à porta.


Quer dizer que tenhámos prazer em amar o Cavaco, por exemplo?
ResponderEliminarOu o outro?
Sei que sente compaixão, burro -- que mais sentir? E não acha graça a voltar à infância, para compreender o que dizem?
Eliminar“Honrar os compromissos europeus de Portugal”, a preocupação do sr Presidente da República, é, neste momento, lidar com os refugiados. A nossa civilizaçao pede-nos que sejamos “humanos”, trata-se do mais difícil desafio que é posto a Europa, onde se vê se saberá honrar a sua herança civilizacional.
ResponderEliminarE o número oficial que Passos Coelho anunciou, queixando-se de que há países que se dispõem a alojar (ainda!) menos gente, não chega para umas horas do fluxo migratório!
Há o perigo de que o governo de esquerda saiba honrar melhor os “compromissos internacionais de Portugal”. Não é difícil. Temos mais de um milhão de apartamentos fechados, nas mão de bancos agiotas -- eu sei que António Costa não terá coragem de os “tomar emprestados” à força, mas é provável que lide com o assunto com uma perspectiva diferente daquela com que se tem lidado!