O Tribunal Constitucional confirmou o “carácter excepcional e transitório”, em vigor apenas até 2015, da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES), que vai buscar às pensões dos reformados algum dinheiro para pagar os juros agiotas a que o artigo 123 do Tratado de Lisboa nos sujeita.
Como habitualmente, os jornais alinham as “alternativas” que o Sr. Passos Coelho tem para arranjar esse dinheiro, que sabia que não seria para sempre. Compadecem-se do pobre, que está numa situação difícil, mas não se lembram de sugerir um imposto sobre os lucros especulativos da alta finança ou sobre os ordenados dos senhores que dançam entre um lugar no governo ou numa grande empresa.
Costuma-se usar a expressão “pensar dentro da caixa” para quem não tem “abertura de espírito”, quem repete receitas sem ver tudo o que há para ver.
E como se chega a essa pobreza de espírito, como é possível tirar ao pensamento o seu carácter livre, sem o qual não é?
Creio que o medo é o que nos impede de pensar. O medo sugere-nos que façamos o que é costume, mesmo quando as situações são novas! Em vez de partirmos à procura da clareza, do entendimento, vamos à procura do que “se faz” na situação em que estivermos... e, curiosamente, o que é costume, o que é do “senso comum”, é o que interessa a um grupo privilegiado, senhor das artes de manipular, de sugerir “tabus”, fronteiras ao pensamento, senhor, desde há umas décadas, do marketing, que vende o pensamento pré-fabricado, em irresistíveis embalagens.
Não é apenas em Santo Tirso que a situação é nova, que já não há dinheiro para “obras” que (além do terço) rendam votos, nem mesmo para acudir às necessidades reais dos munícipes –é no mundo todo que esse instrumento, o dinheiro, está a ser aceleradamente aspirado por um sistema que tomou o freio nos dentes. Formalmente, “constitucionalmente”(!), a liberdade de pensamento existe. Somos livres de a usar ou de lhe fugir!
Suspeito que a geração dos reformados ainda saiba pensar!
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