Passo a passo mas seguramente, vamo-nos apercebendo que estamos, de facto, a viver uma revolução.
De 250 em 250 anos costuma haver uma alteração estrutural das instituições, um refazer da sociedade quase desde os seus alicerces. Mas esses, a procura da dignidade humana, que não existe sem liberdade e que precisa da abundância, esses mantêm-se.
Cada um destes ciclos é precedido por uma descoberta, algo cujas consequências praticas são capazes de mudar o mundo. Desta vez foi o computador, criação dos anos 60 do século passado. Há 250 anos foi a máquina a vapor, há 500 anos foi a imprensa, há 750 anos foi o zero, os algarismos ditos árabes, de facto trazidos da Índia e ainda não descobri o que terá sido descoberto umas décadas antes do ano 1000, que viesse a caracterizar a Idade Media (seria a Geometria que permitiu a construção das catedrais góticas?). A colheita da Revolução Industrial, que ora finda, foi muito boa. Temos ciência e técnica para criar a abundância para todos.
E agora?
O que o computador nos trouxe foi acesso ao conhecimento. Esta revolução, muito provavelmente, será chamada a Revolução do Conhecimento.
O que quer dizer que a Revolução em curso se passa na mente, na mente de cada um de nós. Algo tem que morrer, algo que nos está a prejudicar -- e algo há de nascer, algo que nos liberte. As nossas mentes têm sido manipuladas pela propaganda, não falo apenas da sociedade de consumo mas da propaganda política e, até, “filosófica”. Há propaganda, cientificamente elaborada, criada por quem tem os meios financeiros para tal e com propósitos também eles financeiros mas que vão mais longe, que querem impor “verdades”, que nos querem ignorantes, dóceis, escravizados.
E a Revolução do Conhecimento é, em última analise, a consciência da Propaganda e a libertação dela.
Conscientes da propaganda, continuaremos a pensar e agir como nos manipulam ou mudamos o nosso pensar e os nossos actos e usamos os enormes avanços científicos e técnicos das últimas décadas para criar abundância, liberdade e dignidade para todos?
Que plantar? De novo industrias poluentes, objectos inuteis, empobrecimento, ou, desta vez, conhecimento que traga frutos, para todos?

Enquanto manipulado, decerto considero a manipulação das pessoas uma acção desprezível, uma falta de respeito por elas. Mas, vejamos! Seria possível manipular alguém se esse alguém não tivesse um ponto fraco que é usado para o manipular? Se formos, realmente, conscientes, quem conseguirá manipular as nossas consciências? Podemos ver a manipulação, mesmo a científica e global que se passa, como um desafio. Um desafio à nossa consciência humana. Quem sabe se um desafio útil, por mais vil que seja, asqueroso, mesmo, o acto de manipular os outros para os ter à sua mercê.
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