sexta-feira, 29 de agosto de 2014

«Não passo de um andaime.» A. Caeiro


Pobres das flores nos canteiros dos jardins regulares.
Parecem ter medo da polícia...
Mas tão boas que florescem do mesmo modo
E têm o mesmo sorriso antigo
Que tiveram para o primeiro olhar do primeiro homem
Que as viu aparecidas e lhes tocou levemente
Para ver se elas falavam…

Alberto Caeiro, poema XXXIII de “O Guardador de Rebanhos”


"Resume-se numa coisa, aparentemente muito simples, a obra de Alberto Caeiro — a reconstrução do sentimento pagão." (Ricardo Reis)

"Repare-se: O extraordinário valor da obra do sr. A.C. está precisamente em ela ser obra de um místico materialista, de um abstracto que só trata das coisas concretas, dum ingénuo e simples que não pensa senão complexamente, dum poeta da Natureza que o é do espírito, dum poeta espontâneo cuja espontaneidade é o produto de uma reflexão profunda. No mero enunciado disto salta à inteligência a assombrosa originalidade do sr. A. Caeiro.” (F.Pessoa)

"Oiço ainda, na lembrança do meu coração, aquela voz plácida e fria - tão cheia contudo de todo o calor íntimo da realidade! - dizer-me, com a sua simplicidade de dentro: «Álvaro de Campos, eu creio no que tenho que aceitar.» E eu adopto a frase letra a letra. Creio na máquina porque tenho que a aceitar do mesmo modo que a árvore." (A. de Campos, sobre Caeiro)

«A Natureza é partes sem um todo» (A. Caeiro)

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