Desde pequeno defendo o direito ao disparate. A censura, no tempo da tirania salazarista, terá contribuído para um “liberalismo” tão radical mas creio que é do temperamento -- e cada um tem o direito a ser como é.
Ao ver pessoas sensatas aceitar que o planeta está em risco mas dizerem que temos que continuar a martirizá-lo, eu mostro os dados que há mas respeito o direito ao disparate.
Quando reconhecem que o sistema monetário internacional é uma forma imensa de agiotagem, que a moeda é criada a partir do nada e que ficamos a pagar juros aos seus “criadores” e me dizem que tem que ser assim -- eu recorro ao direito ao disparate para aceitar o “argumento”, explicando que há sempre alternativas, embora a tarefa que a humanidade enfrenta seja “colossal”. Se me dizem que “por enquanto” tem que ser assim, isso parece-me mais sensato -- mas sejamos conscientes!
Isto de respeitar o livre-arbítrio, esta recusa radical de exercer poder sobre os outros -- e de que o exerçam sobre nós -- é posição antiga dos anarquistas mas é, também, a posição contemporânea da filosofia popular em voga, que se vê com raízes nos Vedas, a do chamado movimento “new age”, repleto de deliciosos disparates!
Se nos despirmos da dita “cultura”, se procurarmos a criança em nós, curiosa do mundo, dita “ingénua” pela dita cultura, experimentadora por natureza, desprovida de poder sobre os outros por razões óbvias, e olharmos, com esse olhar, o mundo, que vemos?
O mesmo de sempre, o mistério: porque estou aqui?, como me libertar? -- creio que a criança não pergunta “quem sou?”, só mais tarde, devidamente “adulterados”, nos perdemos de nós mesmos.
Se olharmos para o mundo com olhos de ver, ele é absurdo, assustador. Dá vontade de aceitar a sugestão de nos focarmos nos brinquedos de plástico que nos dão, de deixarmos de fazer perguntas “sem sentido”, como “qual é o sentido da vida” -- as pessoas grandes tendem a não respeitar o direito ao disparate!
E ele há tantos brinquedos! A ciência e a técnica, a arte, as religiões todas, as filosofias, o futebol -- porque não nos entretemos e deixamos de fazer perguntas?
Porque estes são tempos de mudança, é tempo de acordar.

O sucesso desta especie esta relacionado com a capacidade de se socializar, de cumprir um designio comum superior aos interesses individuais. Actualmente, com o esgotamento dos recursos naturais e com um excesso populacional, o sucesso de uma sociedade depende da capacidade de manter elos afetivos entre as populacoes, equilibrando os rendimentos, fortalecendo o estado e fortalecendo a presenca da consciencia coletiva nesse estado
ResponderEliminarObrigado por comentar. A desigualdade de rendimentos tem aumentado com o liberalismo sem regras que apareceu desde Reagan e Tatcher e está estatisticamente ligada a muitas "doenças" sociais.
ResponderEliminarEstamos a ser "formatados" para a competição mas a solidariedade é mais forte instinto da espécie.
Há quem faça analogias com os anos 30 do século passado e com os nacionalismos que apareceram. Ainda teremos anticorpos contra essa "consciência colectiva"? Acredito mais em milhões de consciências individuais despertas é naturalmente solidárias e responsáveis. As sociedades ricas deixam de crescer em número e a técnica trouxe um aumento de produtividade imenso, a aumentar, que pode ser usado para o enriquecimento de todos. A sociedade de consumo e a sua pilhagem dos recursos naturais não resistirá a esses milhões de gente consciente, que se recusará a consumir disparates. Sem que um Estado Forte lhe tire esse direito. Naturalmente, porque é tempo de acordar.
As respostas a todas as perguntas, já as sabemos, devemos olhar para dentro, não para fora!
ResponderEliminar