domingo, 25 de agosto de 2013

"Um Oriente ao oriente do Oriente"

Este verso do "Opiário", de Alvaro de Campos, refere-se ao ópio, ao esquecimento, procurado por quem sofre a consciência.
É dolorosa, a consciência, quando se sente só, quando está antes do tempo -- e o nosso poeta falava sobretudo conosco, com o futuro, em versos sinceros, não imaginando que os seus contemporâneos o pudessem entender, falava para quem está nos "tempos de mudança", em que ora estamos.
A Europa moderna descobriu o Oriente físico com os marinheiros portugueses e com os fantásticos relatos de viagem que a percorreram, graças à nova técnica da imprensa. Mas a cultura do Oriente, a ideia de que a personalidade nos atrapalha a vida, só no fim do século XIX foi divulgada e só hoje está a chegar a toda a gente, com esta "imprensa" do nosso tempo, que é o Internet.

Deixo aqui uma entrevista, em 11 filmes do YouTube, a um médico americano de origem indiana, que fez Endocrinologia depois do seu internato de Medicina Interna, um ocidental, cientista respeitado, que foi procurar na sua cultura oriental o que nos faz falta para ter saúde -- nunca mais esteve doente! -- e que acabou por perceber que estamos em tempos de mudança, qual lagarta a metamorfosear-se em borboleta, para usar uma imagem dele, um assunto que estudou biológicamente. É alimentando-se da liquefacção, da destruição das células da lagarta rastejante, que as células "imaginativas", nascidas de um gene que estava dormente, dão origem à borboleta, que é bela e que voa, em liberdade.

A Oriente do Oriente está o nosso Ocidente e é neste tempo de vertiginoso encontro entre a nossa Ciência e a milenar Sabedoria oriental que se pode passar a metamorfose, nascida de um gene (um destino) adormecido, que temos, lagartas em auto-destruição criadora.



1 comentário:

  1. burro que não gosta de palha25 de agosto de 2013 às 06:48

    Uma notícia: o blogue "+ Santo Tirso", editado pela sua colega "A menina tirsense", foi removido.
    Quer isto dizer que não há mais Santo Tirso, agora que vamos deixar de ter o nosso Presidente? Espero que a Assembleia da República restitua as autarquias aos seus legítimos proprietários: não preciso de palha nova!

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